segunda-feira, outubro 18, 2004

ELEFANTE ELEGANTE

"- GONÇALO!"

Foi a única vez, que me disse o seu nome. Supostamente verdadeiro.

Apenas o conhecia de um "chat", que costumava frequentar, num espaço criado por um Verdadeiro Artista, posteriormente abandonado por falta de interesse.

Não era um "blog", apesar de ter sido abandonado exactamente(.com) na altura em que estes nasceram e passaram a ser moda.
O seu nome era mastigável e alguns dos pacientes eram pastilhados e outros pastilhentos. E havia o ELEFANTE ELEGANTE, que raramente escrevia, mas que todos conheciam, admiravam.
O seu mistério era sedutor.

O "chat", um dos quartos principais dessa clínica pública de comentários, apontamentos, discussões, declarações, contraditórios, divagações, recados, divergências, histórias, conversa, diferendos e afins, era a sua natural estadia.
Aí, liderava semi-ausente, sempre que estava presente.

Escrevia sempre em maiúsculas, pois como ironicamente justificava:

"- TENHO O CAPS LOCK AVARIADo!"

Os seus apontamentos, eram normalmente afirmações salpicadas de sarcasmo e temperadas de ironia e apesar de normalmente curtas, eram longos os pensamentos que sugistavam. Pelo menos, para mim.
E também para às outras 10 pessoas que normalmente, em horários diferentes, rotativamente compunham aquela sala virtual de conversas.

Diariamente, durante as enfadonhas semanas de escritório, entrava naquela sala em busca de uma fuga fácil àquelas 4 paredes forradas a monotonia.
A rotina que fintava esta rotina, acontecia normalmente às 10 da manhã e às 5 da tarde e sempre que o trabalho o permitia ou obrigava, o tempo de permanência e de ausência, alterava-se.

Felizmente para mim, o ELEFANTE ELEGANTE, partilhava com a mesma irregularidade, estes horários.

A sala de conversas podia estar cheia, apenas com a minha presença e a dele ou completamente vazia com as nossas presenças e a de mais 10 “nicks” que suportavam pessoas. Dependia, quase sempre, do tempo que as pessoas dispunham para escrever e principalmente da sua disposição, do seu humor.

Por vezes, escrevia-se muito mas nada ficava na memória de quem lia, outras, o pouco que se escrevia, materializava-se no "lema do dia" ou num "ódio" para uma semana inteira.
E era neste autêntico Dom, que o ELEFANTE ELEGANTE dominava e porque não assumi-lo, conquistava-me...